Estamos todos no mesmo barco...

"Estamos todos aqui, neste planeta, por assim dizer, como turistas. Nenhum de nós pode morar aqui para sempre. O maior tempo que podemos ficar são aproximadamente cem anos. Sendo assim, enquanto estamos aqui deveríamos procurar ter um bom coração e fazer de nossas vidas algo de positivo e útil. Quer vivamos poucos anos ou um século inteiro, seria lamentável e triste passar este tempo agravando os problemas que afligem os seres humanos, os animais e o ambiente".

Somente o amor humaniza...

"Podemos ser independentes, inteligentes, modernos, sofisticados... Mas sem amor seremos ocos e sem graça".

07 abril 2009

Abaixo...

Às duas da madrugada, numa noite escura e fria, eu estava fazendo ronda pelos postos de sentinela, num jipe, acompanhado apenas do motorista. Ao passar pelo lado de fora da fábrica, notei uma sombra que se esgueirava junto aos muros altos. Despertou-me logo a suspeita de que poderia ser alguém mal intencionado. Aproximei-me com cautela. Uma mulher, envolta em panos dos pés à cabeça, transportava nos braços um volume indefinido. A cada passo, seu corpo estremecia. Agarrada ao pequeno pacote, chorava copiosamente. Imediatamente perguntei o que houve, do que precisava, o que queria, aonde ia. Ela respondeu que estava indo para casa. Ofereci-lhe carona. Entrou no jipe, sentou-se no banco de trás. Virei-me, fixei o olhar, mirei com atenção seus braços e notei, envolto nos trapos, um bebê. Devia ter no máximo dois meses de idade. Perguntei: O que você está fazendo a essa hora, com essa criança, sozinha, andando a pé, chorando, por essas ruas escuras e desertas? Ela respondeu que estava voltando do hospital que não quis receber seu bebê. Por quê? Perguntei. Então verifiquei que o corpo franzino, pequenino, jazia inerte nos braços da mãe. A criança estava morta. Certamente foi essa a razão pela qual o hospital não a quis receber, porque já lá chegara sem vida. Ela disse que a criança tinha morrido asfixiada, na cama, enquanto dormiam, naquela noite. Chegamos ao destino: no pequeno barraco de apenas um vão morava aquela mulher e quatro filhos, as idades variando de 2 meses a 4 ou 5 anos. O bebê morreu sufocado, asfixiado, porque todos dormiam embolados num pequeno estrado. O chão de terra batida, paredes de restos de tábuas, pedaços de telhas, misturados com taipa, teto de plástico e papelão, para se chegar ao pequeno fogão sobre uma mesa tosca, tinha que passar por cima da cama. Esse quadro já existia, companheiros, em 1964, há mais de quarenta anos, quando muitos aqui ainda não havia nascido. O Brasil tinha então uma população de apenas 80 milhões de habitantes. Porém já líamos naquela época, constantemente nos jornais que crianças eram vítimas de deslizamentos de barreiras, pois moravam em lugares perigosos; que bebês eram roídos por ratos, porque viviam em lugares infectos; que crianças morriam de disenteria por não haver água potável; que os esgotos passavam a céu aberto, pelo meio dos barracos, nas chamadas valas negras; que adolescentes eram engravidadas por irmãos mais velhos, porque dormiam todos na mesma cama; que padrastos estupravam as filhas adotivas, habitantes de um só vão. Tudo isso, naquela época, fez queimar dentro do meu peito o calor de uma chama, acendeu como uma fogueira um primeiro apelo em favor dos excluídos da vida. Nesses quarenta anos, de 80 milhões, nossa população cresceu hoje para mais de 180 milhões de habitantes, e o aumento foi justamente dessa população pobre, excluída, despojada e desprovida. Um terço da nossa população, segundo o IBGE, vive abaixo da linha da pobreza. São mais de 60 milhões de habitantes, à margem da vida. E hoje, todos devemos nos questionar: o que podemos fazer para mudar um pouco essa situação? (By Alberto Bittencout)

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"Depois que cumprimos as missões impostas no berço — ter uma profissão, casar e procriar — passamos a ser livres, a escrever nossa própria história, a valorizar nossas qualidades e ter um certo carinho por nossos defeitos. Somos os titulares de nossas decisões... Que bom que a minha vida hoje, está bem mais em conta!!
Sejam benvindos e deixem aqui um tanto do seu pensar.
Um abraço!!