Os seres humanos e os chimpanzés deveriam ser reunidos
na mesma classificação – o gênero Homo. Pelo menos
é o que alegam pesquisadores em recente nota publicada nos Proceedings
of the National Academy of Sciences, nos Estados Unidos da
América do Norte.
Os pesquisadores fundamentam sua alegação em descobertas
suas de que os chimpanzés têm mais em comum com os seres humanos
do que com qualquer outro primata – supostamente partilhando
99,4% de seu DNA. A agência de notícias Associated Press
(AP) incumbiu-se de elaborar a notícia e divulgá-la.
Esta é uma alegação surpreendente, especialmente
porque a tendência entre os cientistas evolucionistas tem
sido de diminuir aquele percentual de similaridade, de
cerca de 98,5% para 95% (ver por exemplo Greater than 98% Chimp/human
DNA similarity? Not any more). Então, por que esse
súbito aumento?
De acordo com o relato da AP, a equipe de pesquisadores,
dirigida por Morris Goodman, na Faculdade de Medicina da Wayne
State University (em Detroit, Michigan), "comparou 97 genes
de seres humanos, chimpanzés, gorilas, orangotangos, macacos do
Velho Mundo, e camundongos". Os pesquisadores descobriram que
os genes de chimpanzés e bonobos (gênero Pan) têm mais
em comum com os genes humanos do que com os de quaisquer outros
primatas.
Dificilmente esses dados seriam suficientes para
sustentar uma conclusão tão radical. Os pesquisadores compararam
97 genes, porém o genoma humano (que foi mapeado em sua
totalidade apenas de uma maneira muito "geral") tem pelo menos
30.000 genes – portanto eles compararam apenas 0,03%
do total! Além disso, os genomas dos primatas não foram
nem sequer mapeados de maneira aproximada. Assim, qualquer tentativa
de comparar o DNA total atualmente é apenas uma conjectura!.
Como, de fato, os chimpanzés são mais semelhantes
aos seres humanos do que outros macacos ou símios, por que isso
não se refletiria em alguns de seus genes? Não é surpresa que
a anatomia similar refletisse genes similares, porém isso nada
tem a ver com a origem das similaridades, seja no nível
anatômico, seja no nível genético. A questão da ancestralidade
comum versus projeto comum não se decide pelo grau de similaridade.
Mesmo para os evolucionistas, a lógica do raciocínio
apresentado levantaria suspeitas. Digamos que a similaridade genética
total "real" entre seres humanos e chimpanzés fosse de 96%, apenas
para argumentarmos (mesmo 98% corresponderia a milhares de genes
diferentes, sendo que apenas uns poucos genes poderiam acarretar
uma diferença crucial). Se decidíssemos comparar apenas alguns
desses genes, poderíamos obter resultados para o grau de similaridade
que variariam de 0% a 100%. A escolha dos genes a serem comparados
inevitavelmente tem um caráter extremamente subjetivo.
O argumento dos pesquisadores, neste caso, com relação
a como os chimpanzés deveriam ser classificados, centrou-se na proximidade
relativa, isto é, no fato de que, nos estudos deles, os chimpanzés
mostraram-se mais próximos de nós do que dos outros grandes símios.
Entretanto, aqui novamente uma escolha diferente de genes presumivelmente
seria facilmente capaz de gerar uma configuração genética diferente,
também relativa. E mesmo que isso não acontecesse, supondo que fosse
mantida a mesma configuração, qual seria o grande problema? Até
mesmo as técnicas rudimentares de hibridização usadas para a avaliação
da similaridade hoje em dia (ver o artigo citado sobre Human/chimp
DNA similarity) têm levado à conclusão não surpreendente de
que, de fato, os chimpanzés são geneticamente mais similares aos
seres humanos do que, por exemplo, os gorilas. Assim, se os chimpanzés
tivessem uma similaridade genética total maior com os seres humanos
do que com os gorilas (o que é muito duvidoso com base em sua morfologia
e na anatomia comparada, como mostrado pelas técnicas morfométricas
computadorizadas do anatomista evolucionista Charles Oxnard) isso
seria algo para apenas tomarmos nota.
O problema é que, embora equívoco, o número de
99,4% chama a atenção. O público em geral é levado a interpretar
as reportagens dos meios de comunicação como elas tendo dito que
os chimpanzés são "99,4% humanos". Mesmo antes que esse percentual
de similaridade total tivesse sido rebaixado para 95%, a sociedade
criacionista australiana "Answers in Genesis" já havia ressaltado
a falácia dessa lógica. Isso foi feito citando o professor evolucionista
Steven Jones, que afirmara que as bananas compartilham 50% de
seus genes com os seres humanos, mas que isso não torna as bananas
50% humanas!
Muito pouco se conhece sobre a maneira pela qual
os genes se expressam. Já é suficientemente claro que "nem todos
os genes são iguais". Alguns genes, por exemplo, exercem um profundo
controle sobre o desenvolvimento do ser vivo. Já de há muito sabe-se
que o mesmo gene em criaturas diferentes pode ter funções diferentes.
Essas limitações severas que pesam sobre a "comparação genética"
raramente são discutidas quando comparações simplistas como as
da notícia em questão são divulgadas.
Usando o mesmo tipo de raciocínio dos pesquisadores
considerados, poder-se-ia presumivelmente mostrar que, com base
em 97 genes devidamente escolhidos, os seres humanos e as bananas
constituem uma mesma espécie, pois seriam 100% idênticos!
A propósito, muitos eminentes evolucionistas não
se deixam convencer pelas alegações de seus colegas. Goodman citou
uma proposta feita em 1963 de juntar taxonomicamente chimpanzés
com gorilas, com base em sua similaridade, porém acredita que
as similaridades entre chimpanzés e seres humanos, descobertas
por ele, são muito mais convincentes. O antropólogo Richard J.
Sherwood, da Universidade de Wisconsin (E.U.A.) observa que Goodman
está na realidade procurando qualquer argumento que possa ser
trazido a seu favor: "Ir em busca de uma referência histórica
como esta, e então usá-la como único critério para sugerir uma
enorme mudança na sistemática dos primatas, é difícil de ser levado
a sério".
A proposta de Goodman levará a alguma alteração
na taxonomia que envolva primatas e seres humanos? Provavelmente
não tão cedo. Goodman parece um pouco preocupado em seus comentários
com a imprensa: "Se muitos se interessarem por isso, e julgarem
que seja algo para ser considerado, poderá ser realizado um simpósio
que aborde essa questão como tema principal e que conclua se a
proposta é ou não razoável. Certamente eu a julgo razoável, senão
não a teria feito".
Pedimos ao biologista celular Dr. David DeWitt,
que estará falando sobre "Similaridade do DNA entre o Neandertal
e o Homem Moderno" na Conferência Creation 2003 a ser realizada
em Cincinnati, Ohio, E.U.A., em 22-26 de maio de 2003, para comentar
a notícia. Ele nos escreveu:
"A classificação dos organismos baseia-se em similaridades
e diferenças. Parece estranho colocar essas três espécies (chimpanzés,
bonobos e seres humanos) no mesmo grupo em igualdade de posição.
Uma criança pode reconhecer a similaridade entre chimpanzés e
bonobos, bem como a diferença entre eles e os seres humanos. A
proposta poderá também complicar a já problemática situação dos
Neandertais, Australopitecíneos e outros alegados ancestrais humanos.
Por exemplo, os cientistas evolucionistas não classificam os Australopitecíneos,
como Lucy, no mesmo gênero que os seres humanos. Entretanto, isso
é o que Goodman está propondo fazer com os chimpanzés.
É irônico que esse estudo apontando para a similaridade
entre chimpanzés e seres humanos apareça nos Proceedings of
the National Academy of Science ao lado de um artigo que destaca
as diferenças entre os Neandertais e os seres humanos modernos.
A conclusão é que quando os cientistas procuram similaridades,
eles as encontram, e quando procuram diferenças, também as encontram.
Com base no número de diferenças nos pares de bases do
DNA, alguns têm excluído os Neandertais como contribuintes para
o mtDNA do pool gênico do homem moderno. Entretanto, com
base no número de similaridades, os chimpanzés e os bonobos
deveriam ser incluídos no gênero Homo, juntamente com os
seres humanos. Não se pode esquecer do fato de que esses critérios
são arbitrários.
Tipicamente, em estudos deste tipo, os cientistas
só examinam substituições no DNA, embora inserções e deleções
de nucleotídeos também ocorram As inserções e deleções usualmente
são deixadas de lado na análise filogenética porque elas complicam
o alinhamento das seqüências. Em artigo publicado também nos Proceedings
of the National Academy of Science, Britten incluiu esses
tipos de diferenças do DNA em sua análise e chegou a um percentual
bastante inferior (aproximadamente 95%). Deixar de lado esses
tipos de alterações no DNA leva a um grau de similaridade muito
mais alto, porque ficam excluídas da análise as alterações mais
comuns."
Para encerrar: Existem e sempre existirão profundas
diferenças entre seres humanos criados à imagem e semelhança de
Deus, e outras criaturas. Isso não é uma questão de mera afirmação,
mas também de observação e senso comum. Nenhum chimpanzé estará
lendo ou discutindo essa reportagem, por uma razão especial. Nosso
ancestral original, Adão, foi criado singularmente à imagem de
Deus, sem nenhum ancestral animal.
Referências
- Schmid, R., "Chimps may have closer links to humans",
<Texto
original no site Yahoo News>, 20 May 2003
- Caramelli et al., "Evidence for a genetic discontinuity between Nerandertals and 24,000-year-old anatomically modern Europeans", PNAS 100(11)6593-6597.
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